Qual é o poder da linguagem?

A linguagem cria realidades, molda nossas interações e transforma nossas relações.

Somos seres linguísticos, e a linguagem tem o poder de criar novas realidades! 

Para entender isso, basta olhar ao seu redor e perceber como tudo é repleto de cores, formas, texturas e significados. Com as palavras, damos sentido a tudo isso.

No mundo corporativo, usamos a linguagem para falar, pensar, pedir, ofertar – e tudo isso cria novas realidades!

Para navegar nesse universo da linguagem, é essencial entender algumas distinções, que nos permitem intervir, aprender, reconhecer e, ainda melhor, desenvolver novas habilidades.

Queremos explorar com você alguns atos de fala, transitar por eles, para que juntos possamos refletir sobre o poder da linguagem, reconhecendo seu impacto no nosso dia a dia.

Pedido é uma Vulnerabilidade

Fazemos pedidos constantemente. E fazer pedidos é um ato de vulnerabilidade. 

Um pedido nasce quando percebemos que estamos sentindo falta de algo e buscamos no outro a possibilidade de suprir essa necessidade. Quando reconhecemos que nos falta algo, revelamos uma característica intrínseca a todo pedido: ele nos torna vulneráveis.

Pense nos pedidos da rotina no trabalho: "Você pode me ajudar com essa demanda?" ou "Pode me auxiliar, pois não conseguirei cumprir esse prazo?" Esses pedidos mostram nossa vulnerabilidade e, também, o risco de recebermos um "não" como resposta ou de não termos nossa necessidade atendida da maneira desejada.

O pedido é uma ação que gera mudanças, criando então novas possibilidades. Por exemplo, se estou com sede, sei que preciso de um copo de água. Sem pedir, o copo não virá até mim. Portanto, o pedido cria novas realidades, gerando novas ações. E pedidos não se limitam ao verbo pedir. Fazer um pedido é um ato, assim como cumprir esse pedido é uma ação. Transformar essa percepção muda completamente a maneira como realizamos pedidos, tornando a fala uma ação concreta.

Precisamos trazer consciência para a forma como fazemos pedidos e como lidamos com os pedidos que recebemos. 

No ambiente de trabalho, é essencial deixar claras as condições de satisfação dos nossos pedidos. Quando não o fazemos, o que ocorre é retrabalho, desperdício de tempo, esforço e energia.

Quantas vezes os pedidos que você recebe são claros em suas condições de satisfação? Quantas vezes você olhou para um pedido e pensou: "Não era isso que eu esperava"?

E aqui entram os "fantasmas da obviedade": "Não era óbvio que eu queria desse jeito?", "Não era óbvio que precisava até as 18h?" A resposta é não. O que podia estar sendo óbvio para você, nem sempre podia estar sendo para o outro.

Quando você faz um pedido, é responsável por definir as condições de satisfação: quando, como e onde. Todos os critérios para atender ao seu pedido devem estar claros! 

E se você recebe um pedido, torna-se responsável também por essas condições de satisfação. Porque se você diz “sim”, isso também é um sim para a expectativa do outro. Alinhando o que está na mesa, evitamos frustrações, desencontros e desentendimentos.

A Oferta é para servir aos outros e não a mim

Uma oferta é algo que se coloca à disposição de alguém, servindo ao outro, e não a nós mesmos. Uma oferta só é verdadeira se atender a uma necessidade do outro, e não a um desejo de alguém. 

Muitas vezes, ouvimos nas organizações: "Mas eu dou tantas ideias, falo de tantos projetos, mas ninguém me escuta."

Aqui fazemos uma provocação: o quanto essa oferta que você está fazendo está conectada com uma necessidade que a organização tem neste momento? 

Porque, mesmo que a ideia seja genial, se não houver demanda para ela, não será aceita. Portanto, assim como os pedidos, as ofertas também precisam de condições de satisfação. É essencial oferecer algo que realmente ajude e faça sentido.

É necessário mostrar as suas habilidades, as suas ideias, e como elas podem ser úteis para aquilo com o que a empresa está precisando.

Promessa

Ofertas e pedidos, quando aceitos, se tornam promessas

Uma promessa é um compromisso firmado com base no que foi declarado e acordado. Esses três atos, quando declarados, já mudam a realidade. Se eu prometo entregar algo até determinada data, o outro conta com essa entrega e vive até o momento da entrega esperando que ela aconteça.

Por isso, esses atos geram novas situações, pois, se não fossem ditos, não estariam disponíveis, o que impediria as coisas de acontecerem. Muitas reclamações dentro das relações corporativas surgem de promessas não cumpridas ou de promessas que nunca foram realmente feitas.

Devemos sair do "vamos fazer isso" e "posso contar com você" e parar de usar "vou ver" ou "vou tentar". Isso não é bem um compromisso. Compromisso é dizer "sim" para as condições e satisfação que estão na mesa. O "não" também é um compromisso de não cumprir, não posso responder, "agora não" ou "posso fazer depois" e renegociar.

Afirmações

As afirmações descrevem a realidade, aquilo que é, para que possamos tomar decisões. A competência que temos para fazer afirmações relevantes é chave para nossa vida, porque elas nos dão base para decisões. Se faço uma afirmação, comprometo-me a ter evidências. Elas podem ser verdadeiras ou falsas, mas descrevem a realidade com a qual estamos lidando.

Diferente das declarações, as afirmações não mudam a realidade, mas nos orientam nas decisões. Declarações como ofertas, pedidos e promessas são tipos de declarações que, quando feitas, mudam o mundo ao nosso redor.

Quando dizemos "sim" a um compromisso, assumimos a responsabilidade, mudando o mundo de outra pessoa porque ela está contando com nosso "sim". Dizer "não" pode ser difícil, mas é necessário para fortalecer nossos "sims".

Muitos dos conflitos nas relações surgem da falta de clareza na comunicação. 

Pedidos e ofertas pouco claros podem gerar frustração. 

Pense nas suas relações: quantas vezes você não soube comunicar claramente o que precisava?

Oferecer algo que faz sentido é fundamental para que todos colaborem com mais confiança e engajamento, fazendo toda a diferença na maneira como atuamos e reforçando nosso desejo e satisfação de estar onde estamos.

Prestando atenção a esses atos de fala, podemos mudar nossas interações e transformar nossas relações.

Assine a Newsletter da Atma Genus

Receba conteúdos exclusivos da Atma Genus e da Ontológica.

Bem-vindo! Em breve você receberá noticias sobre a Ontológica
Oops! Por algum motivo o seu email não foi enviado.